Concebido e escrito por Miguel Luiz Martins
Petrópolis, 27 de maio de 2022
Blog dedicado a reciclar, reutilizar, recuperar, refazer, reconstruir, restaurar, repensar, remodelar, reajustar, recompor, reconfigurar, etc, (o que eu chamo de "Re-Tudo", "Re-All" ou "Re-Todo") diversos materiais e objetos, em especial materiais e dispositivos eletrônicos, reaproveitando-os de outra forma, dando-lhes outra utilização ou função.
Concebido e escrito por Miguel Luiz Martins
Petrópolis, 27 de maio de 2022
Concebido e escrito por Miguel Luiz Martins
Meu nome é Miguel Luiz Martins.
Sou Engenheiro Eletricista-Eletrônico, especialista em Segurança da Informação, tenho MBA em Gerenciamento de Projetos e blá, blá, blá... Blá, blá, blá... Blá, blá, blá...
Ora! Na verdade, nada disso importa! O que importa é que eu sou um aficionado pela Eletrônica, em especial por circuitos de Síntese e Música Eletrônica, Eletromedicina e IoT, entre vários outros, e também me interesso demais pelos temas relacionados à reciclagem e desenvolvimento sustentável! Afinal, estes tópicos me acompanham desde criança!
Quer saber por quê? Então, continue lendo adiante…
Quando tinha cerca de 10 anos de idade, num programa de televisão de um dos melhores apresentadores de televisão que o Brasil já teve, J. Silvestre (se não me falha a memória, o programa chamava-se "O Céu é o Limite"), havia a propaganda de um curso de "Técnico em Rádio, TV e Transístores" do Círculo Familiar, que, segundo dizia o apresentador: "eu recomendo, porque é o melhor!"
Sempre curioso, comecei a me interessar cada vez mais por aquelas peças velhas da vitrola que me deixava o Sr. Gall, querendo entender como elas faziam funcionar os aparelhos eletrônicos, como eles podiam “falar”, sem ter nada que emitisse som dentro deles (lembre-se - eu era um menino, nos seus 9 ou 10 anos… 😉) e, assim, pensei em fazer aquele curso por correspondência e aprender mais a respeito.
É, pessoal… Naquela época, sem Google, Yahoo, Altavista, Spotify ou YouTube, o ensino a distância (EAD) era feito por correspondência – você esperava para receber as apostilas, estudava, fazia um exame e o enviava de volta por correio, esperando mais algumas semanas para receber a correção da sua prova e outras apostilas para estudo, para fazer mais um novo exame, para, de novo, completá-lo e enviá-lo novamente pelos Correios… Não era lá um processo muito rápido, como hoje. Mas era o que tínhamos, e funcionava!
Comecei a trabalhar às tardes, depois do colégio, como "office boy" em uma clínica que havia perto de onde morávamos, atendendo a porta, atendendo o telefone, indo fazer pagamentos e, com o dinheirinho que ganhava, pagava as mensalidades do curso (naquela época, a garotada podia trabalhar depois de estudar – não havia um Estatuto como o ECA de hoje, que pode ter trazido algum benefício, mas pelo qual se proíbe aos jovens de trabalhar e adquirir responsabilidade, porém não dá importância nenhuma a que eles fiquem vadiando ou sendo aliciados para o tráfico ou outras coisas piores).
Nem todos os meses dava para pagar uma mensalidade, assim, eu juntava o pagamento de dois ou três meses e pagava uma ou duas mensalidades, quando podia. O curso foi-se esticando, esticando e eu ia arrancando a foto da carteirinha de estudante, para usá-la novamente como foto da carteira do ano seguinte (vide adiante), para não ter que tirar novas fotos 2 x 2 (pois, naquela época, elas eram mais caras que as 3 x 4!). E assim fui levando, até finalizar o curso, quando, infelizmente, o mesmo faliu! Apesar deles terem me prometido por mais de um ano enviar o meu diploma , o mesmo jamais chegou às minhas mãos!
Acabei por iniciar outro curso, desta vez o da "Occidental Schools", com apostilas mais bem acabadas e melhor material, porém mais caro. Já viu, né? Mais tempo para conseguir terminá-lo…
Enquanto estava sentado à escrivaninha na entrada, na portaria da clínica onde trabalhava, esperando alguém tocar a campainha ou que tocasse o telefone, eu devorava aquelas apostilas, inicialmente de folhas grampeadas à mão, com desenhos rústicos, e, mais tarde, as outras apostilas mais bem desenhadas e já com fotos, do segundo curso, buscando entender os "mistérios" da eletrônica! Todos que trabalhavam lá sabiam que, se alguém tivesse um rádio velho, um gravador quebrado ou outra "trapizonga" eletrônica qualquer já sem uso, poderiam doá-los àquele garoto, que ele logo os desmontaria e faria algo diferente com eles! Resultado: tudo sobre medicina que havia naquela gaveta do meu armário mencionada no início desse artigo, acabou sendo retirado, cedendo, agora, lugar a componentes eletrônicos, fios, placas de circuitos, caixas de charuto furadas e modificadas para servir de estojo ou gabinete para os meus circuitos, etc. Mas continuei com a ideia de fazer, futuramente, dispositivos eletrônicos que pudessem auxiliar a meu próprio pai e a outras pessoas, na Medicina, através da Engenharia Biomédica, algo que também me atraía por unir aquelas duas áreas que tanto me interessavam.
Para minha tristeza, meu pai acabou falecendo cedo e não chegou a ver muitas das coisas que fiz e eu acabei por não fazer o curso de Engenharia Biomédica, como havia almejado, embora eu tenha projetado, bem mais adiante, quatro dispositivos para a área médica.
Mais ou menos por aquela mesma época, começaram a surgir no Brasil os discos de vinil (LP) de Rock Progressivo: Pink Floyd, Emerson, Lake and Palmer, Yes, Rick Wakeman, Triumvirat, Tangerine Dream, Premiata Forneria Marconi, Kraftwerk… Uau! Aquele garoto, então, ficou louco! Queria montar os circuitos que geravam aqueles novos e misteriosos sons! Foi a época de começar mais seriamente a fazer amplificadores, pedais e captadores para guitarras, circuitos de efeitos sonoros, luzes estroboscópicas para festas, etc.
Inicialmente, muitos circuitos foram montados, copiando-se os circuitos das revistas de eletrônica que havia na época, como “Saber Eletrônica”, onde encontrávamos inúmeros projetos do mestre Newton C. Braga; as diversas revistas de outro grande mestre, Apollon Fanzeres, com circuitos de Eletromedicina, que não podiam ser encontrados em nenhum outro lugar; os circuitos de áudio e música eletrônica do mestre Cláudio César Dias Baptista (CCDB) na “Nova Eletrônica”, além de revistas importadas do calibre da Radio-Electronics (editada pelo visionário Hugo Gernsback), Elektor, Electronics Today International, Popular Electronics, Nuova Elettronica, Onda Quadra, Electronique Pratique, entre outras.
E além de montar, também fuçava, experimentava, criava alguma coisa. Mas já ia lá no íntimo, aquela vontade de não só copiar, montar e experimentar, mas também de aprender a realmente projetar, integralmente, aqueles circuitos. Logo, a decisão de cursar Engenharia Eletrônica foi somente uma consequência lógica.
E é dessa época, também, as visitas a ferros-velhos para buscar placas de sucata de circuitos de fotocopiadoras quebradas, mainframes sucateados, circuitos industriais, TVs, etc., para conseguir componentes para montar pedais de guitarra, órgãos eletrônicos, sintetizadores, alarmes, entre outras coisas. Nos ferros-velhos, placas com componentes de altíssima qualidade eram encontradas na lama ou ficavam empilhadas no fundo do quintal, enquanto que os donos dos mesmos pensavam somente em reaproveitar o ferro, o latão e o alumínio dos gabinetes daquelas máquinas, para serem enviados às fundições.
Minha versão modificada do "Sintetizador CCDB", publicado pelo mestre Cláudio César Dias Baptista na saudosa revista "Nova Eletrônica", foi quase inteiramente construída com componentes de sucata de placas de máquinas da Xerox e de computadores IBM e Bull, entre outras placas! Transistores de germânio de placas SMS e SLT de computadores antigos da IBM e de computadores Bull também foram usados em pedais de distorção e outros efeitos, para guitarras. Essa placa ao lado é uma placa de um computador Bull de 1963, da qual foram retirados transistores que foram usados para fazer um pedal de distorção baseado no "Fuzz Face"!
Trabalhei mais tarde, nos anos '80 e início dos '90, como engenheiro em uma grande empresa de computadores. Quando a empresa passou por um período de crise no início dos anos '90, além de corte de pessoal, ela também começou a se desfazer de equipamentos usados, material de estoque, entre outras coisas. Em uma oferta interna, para funcionários da empresa, consegui arrematar (para tristeza de minha ex-esposa, que reclamava daquela tralha toda), um osciloscópio Tektronix 485, um multímetro Keithley 175 de bancada, um variac e 3 analisadores lógicos (Gould Biomation e Arium), para compor parte do meu laboratório pessoal. Esses equipamentos foram oferecidos à venda pela maior oferta, para funcionários, internamente, antes que fossem oferecidos externamente para sucata, dando baixa no ativo fixo!
Eram equipamentos antigos, porém de excelente qualidade, que, de outra forma, iriam ser prensados e sucateados! E, tendo visto o letreiro de um caminhão que levou uma partida de material diverso para um ferro-velho, quando eu estava saindo da fábrica, de regresso à casa, consegui encontrar depois o tal ferro-velho onde componentes eletrônicos foram vendidos para quebra, mas vários deles ainda puderam ser encontrados inteiros pelo chão e em algumas caçambas e acabei comprando vários deles para os meus projetinhos (novamente, para tristeza e incompreensão por parte da minha ex-esposa, que não entendia para que eu queria aquele monte de coisas velhas…)!
"Reduce, Reuse, Recycle!" Reaproveitando e reutilizando componentes de aparelhos em desuso ou mesmo de sucata, muitos novos aparelhos, dispositivos e circuitos podem ser construídos! Pode-se aproveitar uma parte de um aparelho para reparar outro aparelho ou para se fazer algo novo.
Ou seja, pode-se dar outro uso a todo esse material, fazendo com que seus componentes ainda permaneçam em uso e reduzindo a poluição por metais, plásticos e materiais que, de outra forma, acabariam como lixo tecnológico nos lixões ou ferros-velhos das cidades, ajudando-se, desta forma, a minimizar o seu impacto no meio ambiente. E esse conceito pode ser utilizado não somente com a Eletrônica, mas também para diversas outras coisas e em diversas outras atividades.
Assim, podemos não só "Reduzir, Reutilizar e Reciclar", mas também Reparar, Refazer, Reformar, Recuperar, Reconstruir, Reaproveitar, Restaurar, Revisar, Rever, Remover, Remodelar, Reproduzir, Repropositar, Repensar, Readequar, Reajustar, Recomendar, Recompor, Reconfigurar… Enfim… Re-tudo!
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Nota: Nos termos dos artigos 132 da lei 9.279/96 e do artigo 31 da lei 8.078/90, a menção à Marcas e Modelo aqui apresentadas, servem para indicar a destinação do produto, bem como assegurar informações claras e precisas de compatibilidade aos leitores.
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Tags: histórico; cursos; homenagem; revistas; sucata; reduzir; reutilizar; reciclar; reparar; refazer; reformar; recuperar; reconstruir; reaproveitar; restaurar; revisar; rever; remover; remodelar; reproduzir; repropositar; repensar; readequar; reajustar; recomendar; recompor; reconfigurar
Concebido e escrito por Miguel Luiz Martins Iniciei esse blog quase no fim de 2018, na intenção de mostrar formas de reciclar...